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Brasileiras estão tendo menos filhos e engravidam cada vez mais tarde

As mulheres brasileiras estão tendo menos filhos e, quando engravidam, o fazem cada vez mais tarde. As conclusões são da pesquisa "Saúde Brasil", divulgada nesta semana pelo Ministério da Saúde. O estudo mostra que, desde 2005, a taxa de fecundidade no Brasil é inferior à de 2,1 filhos por mulher, ou seja, abaixo do necessário para que a população não venha a diminuir no futuro. Já o número de mães que têm o primeiro filho após completar 30 anos vem crescendo: elas eram 22,5% em 2000 e passaram para 30,2% em 2012. A tendência foi maior entre as mulheres de maior escolaridade.

O estudo mostrou também que o índice de mulheres que têm filhos com menos de 19 anos caiu no mesmo período, indo de 23,5% para 19,2%. Ou seja, em 2000 elas superavam as mães com mais de 30 anos. Em 2012, para cada duas mães com menos de 19, já havia três com 30 anos ou mais.

Entre as mulheres com 12 anos ou mais de estudo, 45,1% têm o primeiro filho depois dos 30 anos. No faixa de menor escolaridade (até três anos de estudo), 51,4% têm filhos antes dos 20 anos. No grupo entre quatro e sete anos de estudo, o grupo de mães com filhos antes dos 20 chega a 69,4%.

Por região, as mães com 30 anos ou mais são mais numerosas no Sudeste (34,6%) e Sul (33,6%). Em seguida vêm Centro-Oeste (28,8%), Nordeste (26,1%) e Norte (21,2%).

Para a diretora do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare Franco Netto, o aumento da idade das mulheres no momento em que têm o primeiro filho indica aspectos positivos, como maiores oportunidades no mercado de trabalho e maior acesso a métodos contraceptivos. Ao mesmo tempo, traz algumas preocupações, uma vez que, quanto maior a idade, maior também a dificuldade de engravidar.

"Ao entrar no mercado de trabalho, elas estão tendo mais oportunidade de ter estabilidade na sua vida, e definir uma data, uma idade não tão nova para ter seus filhos. Estão buscando uma estabilidade maior para ter seu primeiro filho. Isso mostra um avanço nas oportunidades no trabalho, e também de programar sua gravidez, de ter acesso a métodos contraceptivos", afirma Thereza.

Número de nascimentos caiu

A pesquisa revelou também que, entre 2000 e 2012, o número total de nascimentos caiu 13,3%. No período analisado, a taxa de fecundidade mais baixa foi registrada em 2012: 1,77 filho por mulher, uma redução de 22,7% em relação a 2000. Apenas a Região Norte apresenta uma fecundidade acima da taxa de reposição: 2,24 filhos por mulher. A menor taxa é no Sul: 1,66.

Segundo o Ministério da Saúde, isso indica que o processo de envelhecimento da população brasileira vai se intensificar, levando à estabilização do crescimento demográfico em duas décadas. A partir daí, as perspectivas são de redução da população do país.

"Precisamos avaliar como isso vai se desenvolver ao longo dos últimos anos. A população está envelhecendo rapidamente. E isso tem a ver com a taxa de reposição, que está insuficiente", avalia Thereza.

Segundo a pesquisa, de cada quatro nascimentos, em três houve pelo menos seis consultas durante o pré-natal, o número mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde. De acordo com a pasta, entre 2003 e 2012, o número de consultas pré-natal cresceu 87%. A pesquisa também mostrou que há uma tendência de aumento no número de cesarianas. Elas representaram mais de 83% dos partos entre 2000 e 2012.

No grupo de mães entre 25 e 39 anos, 67% optaram pela cesárea. Os altos números levaram o ministério e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a anunciar há duas semanas uma série de propostas com o objetivo de incentivar os partos normais, em especial na rede privada.

Fonte: O Globo

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