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Devido à Copa, pais devem redobrar atenção para vacinação contra paralisia infantil

O calendário nacional de vacinação de 2014 prevê para o dia 13 de setembro o início da campanha nacional de vacinação contra a poliomielite. A campanha, que tradicionalmente ocorria de forma tranquila e que sempre teve uma adesão significativa da população, este ano terá que entrar em cena com uma luz de alerta ligada. A circulação de turistas do mundo no Brasil por conta da Copa do Mundo e o alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a reemergência da paralisia infantil em alguns países são motivos mais do que suficientes para que o Brasil redobre a atenção com a vacinação desta vez.

Em relação ao Mundial, estima-se que 3,7 milhões de turistas, entre brasileiros e estrangeiros, estejam circulando pelo país durante o evento. Isso significa ter, em um único mês, o equivalente a 60% dos turistas que visitam o Brasil em um ano inteiro.

Além disso, já há a previsão de que, como aconteceu com a África do Sul, o país passe a atrair mais turistas no pós-Copa, entre 300 mil e 500 mil a mais por ano. Na prática, do ponto de vista da saúde pública, isso significa mais vírus circulando e a necessidade de se atentar mais às medidas preventivas.

No caso da paralisia infantil, existem hoje dez países que apresentam risco de exportação do vírus da pólio na sua versão selvagem: Camarões, Síria, Paquistão, Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria.

Fora isso, os pais brasileiros também não podem se esquecer de que a OMS publicou no início de maio uma declaração de emergência pública de importância internacional, que recomendava a vacinação em massa para todos os seus países-membros.

Na época, a organização justificou a recomendação com base no registro de 62 casos de paralisia infantil no mundo. A OMS recomendou também que qualquer pessoa que viaje a essas áreas tome a vacina, independente de ser Sabin (em gotas com vírus atenuados) ou Salk (injetável com o vírus morto), exceto em casos de contraindicação.

No Brasil, desde 1990 não são registrados casos de poliomielite, e em 1994 o país recebeu a certificação de área livre da circulação do polivírus selvagem, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde.

Obviamente, diante do novo cenário construído para 2014, esta certificação, apesar de importante, não garante a proteção necessária à nossa população.

Paralisia infantil é uma doença muito séria, e seu ressurgimento no mundo precisa impulsionar um comportamento cada vez mais maduro e responsável dos pais. Quem já vacinava os filhos deve redobrar a atenção ao calendário.

Quem faz parte do tímido movimento antivacina, que questiona seus efeitos colaterais, deve se informar melhor. O risco de a vacina (no caso a Sabin) provocar a poliomielite é remoto: a estimativa é de que aconteça um caso a cada 1 milhão de doses aplicadas.

Há um consenso entre os melhores infectologistas do mundo sobre a eficiência da vacina, o que não deve ser ignorado.

O três tipos de vírus atacam as crianças, justamente por elas ainda não terem imunidade contra a doença. A paralisia não está erradicada no mundo e é um erro nos acomodarmos.

Não podemos cometer o tolo deslize de expor nossas crianças e adultos à paralisia, depois de anos de um trabalho de combate muito bem sucedido que protegeu a saúde de várias gerações de brasileiros. 


Fonte: UOL/ Marcos Vinicius da Silva (Coordenador do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais do Instituto de Infectologia Emílio Ribas)
Enviada por JC

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