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O que é o spread bancário e o que ele tem a ver com os juros que você paga?

Sempre que se fala em juros altos altos no Brasil, o spread bancário é mencionado. Mas afinal qual o significado de spread? O spread é a diferença entre os juros que os bancos pagam quando você investe seu dinheiro e os juros que cobram quando você faz um empréstimo. "Eles captam dinheiro vendendo investimentos, pagando um determinado nível de juros, e depois emprestam esse dinheiro cobrando juros bem mais altos", disse Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian. É como em qualquer outro negócio. Um supermercado, por exemplo, paga um preço quando compra seus produtos dos fornecedores e cobra outro quando os vende para os clientes. É dessa diferença que ele tira o dinheiro para cobrir seus custos, como frete e salários, e conseguir lucro.

Nos bancos é igual. A diferença é que o produto deles é o dinheiro, e o preço do dinheiro são os juros. O problema é que há pouca concorrência no setor bancário, faltam opções aos clientes e os juros cobrados ficam altos, dizem especialistas.


TAXAS DE MAIS DE 300% 
Poupança e CDBs são alguns exemplos de fontes de recursos para os bancos: em novembro de 2018, segundo dados mais recentes do BC (Banco Central), a média dos juros pagos por eles em produtos como esses estava em 6,4% ao ano.

Na outra ponta, empréstimos para empresas e pessoas, financiamentos imobiliários e cartão de crédito são alguns dos vários tipos de crédito que os bancos fornecem. No mesmo período, os juros médios cobrados nessas operações estavam em 24,6% ao ano. O spread é a diferença entre um (6,4%) e outro (24,6%). Então, o spread médio em novembro do ano passado foi de 18,2 pontos percentuais.

Mas essa diferença é só uma média e varia muito de acordo com o tipo de empréstimo e o tomador. Empréstimos para empresas, por exemplo, e em setores controlados, como o de financiamentos imobiliários, tendem a ter juros e spreads mais baixos. Os recursos livres emprestados para pessoa física, na outra ponta, pagam mais: o spread médio deles foi de 43,2 pontos em novembro do ano passado, segundo o BC.

Em alguns casos, os juros praticados chegam a passar de 300% ao ano --caso do cheque especial para pessoa física (305,7% em novembro de 2018).

PARA BANCOS, CULPA É DA INADIMPLÊNCIA 
Além do preço que o banco paga para "comprar" o dinheiro que vai emprestar --os juros de captação--, os juros finais que o cliente paga embutem outros quatro grandes custos. São eles que compõem o spread: 
Despesas administrativas: Os gastos de operação, como segurança, agências, caixas eletrônicos, salários e outros serviços. 
Tributos: Os impostos pagos pelos bancos. 
Inadimplência: Créditos concedidos e não pagos pelos devedores. 
Lucros: A remuneração do dono e acionistas do banco.

Segundo os bancos, a principal razão que puxa os juros e os spreads para cima é a inadimplência. "É um dinheiro que eles perdem", disse o economista Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper. "É como em uma distribuidora de energia ou uma faculdade: se alguns não pagam, a empresa sobe o preço de todos para cobrir o prejuízo."

PARA ESPECIALISTAS, FALTA CONCORRÊNCIA

Especialistas, porém, questionam outro ponto: a falta de concorrência. "Ela piorou muito", disse Rabi, da Serasa Experian. "Em 2005, os cinco maiores bancos detinham cerca de 60% das operações de crédito do país e hoje eles concentram 80%; isso aumenta o poder de oligopólio deles." Pressão por menores margens de lucro, despesas administrativas mais racionais e, por fim, preços --juros, no caso-- mais baixos são algumas consequências que tendem a vir com uma concorrência mais ampla. "Com mais competição, as empresas se veem obrigadas a oferecer serviços mais baratos, o que as estimula a gastar com mais eficiência e dá melhor produtividade para o setor como um todo", disse Viriato, do Insper.


Fonte: UOL
Enviada por JC

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