Receber o diagnóstico precoce de qualquer doença pode ajudar significativamente na recuperação e qualidade de vida do paciente. Porém, quando ir ao médico é o último recurso, depois que os sintomas já começaram a se manifestar, as chances de reabilitação ficam prejudicadas. No caso de mulheres com câncer de mama, por exemplo, 70% das pacientes acabam tendo que recorrer à mastectomia e remover a mama totalmente porque demoraram para descobrir a doença. O dado é da Sociedade Brasileira de Mastologia, que chama atenção para as chances de cura se o tumor for detectado no início, que podem chegar a 95%. Sabendo dos benefícios de se buscar ajuda dos profissionais da saúde com regularidade, ainda fica a dúvida: quando ir ao médico ?
De acordo com Aier Adriano Costa, coordenador da equipe médica do aplicativo de consultas a domicílio Docway, a maioria da população não tem o costume de cuidar da saúde. “As pessoas têm o hábito de se automedicar ou procurar uma solução rápida para o problema com familiares, vizinhos e até no Google. O que acontece, é que isso pode acarretar um problema sério posteriormente”, explica.
Ainda segundo o especialista, fazer visitas ao médico para receber recomendações de exames de rotina, o chamado “check up”, é muito importante, mas poucos são os que mantêm este hábito.
Costa ressalta que tal acompanhamento médico é necessário para avaliar como está o funcionamento do corpo do paciente e, em caso de enfermidades, tratá-las. "Algumas doenças são insidiosas e só vêm apresentar sintomas relevantes quando já estão em estágio avançado. O costume de consultar um médico não apenas quando se está doente faz muito bem pra saúde e para uma boa qualidade de vida.", acrescenta.
Quando ir ao médico?
A verdade é que cada idade exige uma frequência diferente de idas ao médico. O médico explica quando é necessário buscar ajuda apenas para verificar se está tudo bem em diferentes fases da vida. Confira:
Crianças
Após a saída do hospital, caso esteja tudo bem com o recém-nascido, a primeira visita deve acontecer entre no 15º dia de vida. Passado esse período, as consultas devem ser feitas aos: 2, 4, 6, 9 e 12 meses no primeiro ano de vida. No segundo ano, o pediatra deve ser consultado para o acompanhamento do bebê aos 15, 18, 21 e 24 meses. A partir daí, é necessário que se verifique o peso e a estatura a cada 6 meses até o quinto ano de vida e depois anualmente entre 6 e 18 anos. No entanto, se o paciente apresentar alguma doença de base ou qualquer alterações ao longo deste acompanhamento, essa periodicidade pode sofrer alterações.
Grávidas
As mulheres devem procurar o médico assim que tiverem o diagnóstico de gravidez, ou mesmo na suspeita, para iniciar o acompanhamento da gestação. Até o sexto mês, as visitas ao obstetra devem ser mensais. Depois disso, podem ocorrer de 15 em 15 dias, de acordo com o decorrer da gestação. Caso a gestante venha a sentir algo diferente, deve procurar imediatamente o médico.
Adultos
Devem realizar um check up com todos os exames necessários uma vez ao ano, caso não possuam nenhum problema já diagnosticado de saúde. Exames de audição e visão devem ser feitos a partir dos 40 anos, ou antes, caso existam queixas pertinentes. Os exames específicos, ginecológicos e urológicos, por exemplo, como mamografias, ultrassonografias e consultas aos especialistas, devem ser realizadas na periodicidade recomendada por cada especialidade de acordo com as idades dos pacientes.
Idosos
Se estão saudáveis, podem seguir a mesma recomendação dos adultos e ir apenas uma vez por ano. Mas se apresentam alguma doença, devem ir ao médico com a frequência determinada por ele.
Para finalizar, o especialista recomenda que as idas ao médico se tornem um hábito, para evitar maiores problemas no futuro. “Não deixem que apenas a doença leve ao médico, um acompanhamento adequado previne inúmeros problemas, a sua saúde agradece”, completa.
Perigos do autodiagnóstico
Quando a saúde não vai bem, seja por conta de uma febre insistente, um sinal na pele que não para de coçar ou dores incomuns, a primeira reação de grande parte das pessoas é de buscar ajuda na internet em vez de procurar um médico. Basta colocar os termos “sintomas”, “dor de cabeça” e “febre” no buscador on-line para que o “Dr. Google” mostre que essas são características comuns em casos de meningite, gripe ou dengue. Aí fica por conta do usuário escolher a doença que melhor se identifica e está dada a sentença.
Parece exagero, mas muitas pessoas estão “resolvendo” seus problemas de saúde desta forma. Esse comportamento está fazendo com que os médicos fiquem preocupados com o que eles estão chamando de “cibercondríacos”, aqueles pacientes que se autodiagnosticam por meio de pesquisas na internet.
De acordo com a professora e clínico geral Helen Stokes-Lampard, presidente do Royal College of General Practitioner , muitas pessoas acabam acreditando que têm tal doença, uma vez que foi “diagnosticada” pelo Google e isso está atrapalhando o trabalho dos profissionais da saúde.
Em outros países, especialistas já advertiram que esses pacientes estão colocando o National Health Service , algo como “Serviço Nacional de Saúde” do Reino Unido, em risco, já que a quantidade de pessoas que colocam em dúvida o trabalho do clínico geral só aumenta.
Em entrevista à revista “Pulse”, a professora Stokes-Lampard chegou a dizer que "o Dr. Google está presente em 80% das consultas” que ela tem agora. "Sinto que precisamos levantar os problemas que esse comportamento pode trazer ao paciente e trabalhar isso com cada um, particularmente. Temos que ser ousados e esse é um desafio para todos nós da área da saúde", completou.
Quando ir ao médico deixa de ser uma prioiridade, além de causar uma preocupação desnecessária ou errônea, o paciente que decide se autodiagnosticar pode tomar medidas por conta própria que podem estar prejudicando sua real condição de saúde, e fazendo com que o diagnóstico correto seja adiado, podem comprometer o tratamento adequado e uma recuperação sadia.
Fonte: IG