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Os novos desafios para a área de marketing digital

Uma carreira em constante transformação, o marketing digital vem navegando entre estratégias, ferramentas e formações variadas nos últimos anos. "Camaleônico" e cada vez mais dependente de novas plataformas e tecnologias, o profissional do setor vem conquistando um papel estratégico nas companhias - não só porque o digital vem ganhando prioridade em seus planos de marketing e vendas, mas porque as empresas valorizam cada vez mais perfis inovadores, resilientes e com capacidade de aprendizado rápido. "O mercado vem olhando além do histórico profissional e contrata pessoas por suas habilidades. No marketing digital, a principal é a capacidade de adaptação", afirma Ana Moisés, diretora da divisão de marketing solutions do LinkedIn.

Uma pesquisa realizada pela rede social no Brasil revela uma movimentação de pessoas duas vezes mais intensa em marketing e publicidade do que a média do mercado - 8% dos profissionais do setor mudaram de emprego no último ano, mediante 4% nas outras indústrias. Novas vagas também foram criadas com a contratação de 30 mil recém-formados, segundo o levantamento. "Esse profissional não existe em grande quantidade e é muito procurado", afirma Ana, que destaca a indústria de internet como uma das principais contratantes.

Bruno D'Angelo, vice-presidente de estratégia criativa da agência Ideal H + K, explica que existem três grandes atores nessa indústria: os executivos de marketing das empresas, os profissionais de produtoras, mídia e agências de publicidade e os recém-chegados influenciadores digitais. "São blogueiros ou veículos independentes", diz.

São esses novos atores que, na opinião de D'Angelo, representam o "empoderamento das pessoas" e revelam tendências observadas pelos profissionais da área: o novo consumidor, que é um influenciador em potencial, se prende cada vez menos a marcas e rótulos e mais a grupos e comportamentos.

"As salas de reunião e as pesquisas qualitativas já não identificam todas as tendências de comportamento que o marketing digital precisa. É necessário ter sensibilidade para observar as pessoas na rua e saber como consomem conteúdo e como se relacionam com seus smartphones", afirma José Saad Neto, sócio-fundador da empresa de conteúdo GoAdMedia. Essa visão humana, já esperada dos profissionais de marketing, vem se complementando com o conhecimento de técnicas analíticas de Search Engine Optimization (SEO), performance, conversão e interpretação de dados. "O digital hoje é uma ponte entre marketing e tecnologia", diz Saad.

Engenheiros e profissionais de exatas são cada vez mais frequentes no departamento de marketing do grupo educacional DeVry, que tem 16 instituições de ensino no Brasil. O vice-presidente de relacionamento e marketing, Fernando Lau, conta que a área ganhou um caráter analítico e voltado à mensuração de dados. Aos poucos, a empresa começou a disputar com outras indústrias esse profissional técnico. "Convidar um engenheiro para o marketing ainda choca, mas conseguimos atrair pelo projeto e pelas perspectivas da empresa", diz. O perfil comportamental desses times, segundo Lau, também está em evolução. "Como as ferramentas e linguagens mudam sempre, o importante é que o profissional seja curioso, resiliente e aberto a mudanças."

Ana Moisés, do LinkedIn, explica que não são só os profissionais de exatas e tecnologia que estão sendo valorizados na área: há também cada vez mais sociólogos e antropólogos estudando o comportamento do mercado por trás das estatísticas.

A composição do time, porém, vai depender do desafio de cada empresa. Dentro do próprio LinkedIn, por exemplo, a equipe de cerca de 20 pessoas tem perfis variados, mas os profissionais têm em comum a capacidade de educar os clientes. "Trabalhamos fortemente com B2B, um mercado ainda pouco habituado ao marketing digital", explica Ana. Isso exige um time com perfil consultivo, analítico e com visão de longo prazo, uma vez que os projetos com clientes podem durar meses.

Na rede de varejo Magazine Luiza, quase 80 profissionais de diferentes formações atuam diretamente com marketing digital: eles trabalham em áreas como performance, mídias digitais, análise de dados e produção de conteúdo, e são distribuídos em duas diretorias distintas. Esse time tornou-se um exército há pouco mais de um ano, quando a varejista transformou seus 780 gerentes de loja em gestores de redes sociais: cada unidade do Magazine Luiza tem hoje a sua própria fanpage no Facebook. "Muita gente nos achou corajosos e loucos", afirma Ilca Sierra, diretora de marketing.

É a equipe de marketing digital do Magazine Luiza, porém, que desenvolve treinamentos para gerentes, gincanas e concursos de produção de conteúdo e provê ideias de postagens em texto e vídeo. "O papel do marketing é o de digitalizar a comunicação da empresa, mas não de cima para baixo. Queríamos estimular a autonomia; hoje somos um caso de sucesso e podemos dizer que temos 780 profissionais de mídias sociais dentro da empresa", diz.

Além das equipes de marketing, o Magazine Luiza também tem um laboratório de desenvolvimento e inovação com mais de 100 profissionais de TI. "Eles são responsáveis por 90% de toda a tecnologia da empresa", afirma Ilca. Batizado de LuizaLabs, o grupo atua em parceria com o marketing.

Alguns dos projetos recentes feitos em conjunto são o aplicativo de compras da rede e uma plataforma de e-commerce que permite a qualquer pessoa física se tornar um "revendedor on-line". Esse tipo de projeto, conta a diretora, exige conhecimentos como user experience, branding, mídia digital e até mesmo mídia tradicional. "É por isso que precisamos tanto do trabalho multidisciplinar", afirma.

Fonte: Valor
Enviada por JC

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