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Treinamento para a inteligência

Há duas ou três décadas ainda se acreditava que o quociente de inteligência (QI) – a medida de habilidades mentais para a solução de problemas, entre as quais aptidões espaciais como memória e raciocínio verbal – era fixo e, em grande parte, determinado pela genética. Novas descobertas neuropsicológicas não deixam dúvidas de que a ideia está ultrapassada. Pesquisas recentes, realizadas em diversos países, sugerem que uma função cerebral bem básica chamada memória operacional poderia estar na base da nossa inteligência geral, abrindo a intrigante possibilidade de que, se uma pessoa desenvolver essa habilidade, poderá melhorar sua capacidade de encontrar soluções para os mais diferentes problemas. 

A memória operacional é o sistema de armazenamento de informações de curto prazo do cérebro. Funciona como uma espécie de "bancada de trabalho" para a resolução dos problemas mentais. Por exemplo, se você calcular 98-23+2, a memória operacional armazenará as etapas intermediárias necessárias para elaborar a resposta. A quantidade de informações que poderá ser guardada está fortemente relacionada à inteligência geral. 

Uma equipe coordenada pelo neurocientista Torkel Klingberg, do Instituto Karolinska de Estocolmo, Suécia, encontrou sinais de que os sistemas neurais que fundamentam a memória operacional podem "crescer" quando estimulados. Com mapeamento cerebral pelo método da ressonância magnética funcional (RMf), o grupo quantificou a atividade cerebral de adultos antes e depois de um programa de treinamento da memória operacional, que abrangeu tarefas como a memorização das posições de uma série de pontos dispostos num gráfico. Depois de cinco semanas de treinamento, a atividade cerebral dos voluntários tinha aumentado nas regiões associadas com esse tipo de memória. A pesquisa foi publicada no periódico científico Nature Neuroscience.

Ao estudarem crianças que tinham completado esse tipo de exercício mental, Klimberg e seus colegas observaram melhoras em várias aptidões cognitivas não relacionadas ao treinamento – e um salto nas pontuações do teste de QI de 8%, segundo artigo veiculado pela Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. O pesquisador acredita que o treino em memória operacional pode ser fundamental para ampliar o poder do cérebro: "A genética e a vida intrauterina são bastante importantes, mas não podemos desprezar o fato de existir um percentual (embora não saibamos ainda qual é) que pode ser melhorado por estímulos ambientais e pelo treinamento". 

Fonte: Mente e Cérebro

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