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Por que tantas mentiras ganham destaque no Facebook

"Antes de morrer em queda de avião inexplicável ex-presidente da Vale mandou carta a Dilma." O sensacionalismo está estampado em um site cujo design se assemelha ao do jornal O Globo. A falsa notícia dá a entender que a presidente Dilma Rousseff teria motivos relacionados à tragédia de Mariana (MG) para orquestrar a queda do avião de o ex-presidente da Vale Roger Agnelli, morto no último sábado (19). O texto usa ainda uma reportagem publicada por ÉPOCA em 2011 para alimentar boatos. De acordo com as lendas da internet, Dilma também foi responsável pela morte do ex-candidato à Presidência Eduardo Campos, em agosto de 2014.

Os casos evidenciam a cautela necessária antes de compartilhar links ou de fundamentar argumentos e pautar debates pela frase "vi no meu Facebook". Com a polarização da discussão política que se alastra dentro e fora das redes sociais desde 2013, o feed de notícias do Facebook (espaço em que o conteúdo compartilhado aparece para os contatos) virou um desfile de chamadas dignas de dramaturgia. Nas últimas semanas, uma "notícia" informava que o juiz Sergio Moro era uma reencarnação de Emmanuel, espírito a que Chico Xavier atribuía boa parte de suas obras psicografadas. 

O que, afinal, leva tanta gente a compartilhar boatos e bobagens nas redes sociais? O que impede boa parte dos usuários de checar se a informação é verídica ou ao menos de suspeitar dela e não passá-la adiante? Parte da explicação é de natureza comportamental. A predileção humana por boatos e lendas vem de eras anteriores à invenção do computador, dos sofistas gregos ao apresentador Nelson Rubens e seu inseparável bordão "Eu aumento, mas não invento". "É uma questão cultural: o brasileiro carece de senso crítico e ponderação nas redes sociais", diz o psicanalista Fernando Savaglia, da Sociedade Paulista de Psicanálise. "E psicológica: o ser humano é pródigo em distorcer, seja para preencher um vazio existencial ou para conseguir gerar um entendimento daquilo que vê." Mas há um elemento tecnológico que colabora com e amplifica o potencial de dano dessa característica humana: o Facebook.

Além da arena de batalhas e discussões, a rede social virou a fonte de informação de muita gente. "Cerca de 70 milhões de brasileiros acessam o Facebook todos os dias. Muitos usam prioritariamente a rede social para se informar", afirma a pesquisadora Amanda Jurno, do Núcleo de Pesquisa em Conexões Intermidiáticas da Universidade Federal de Minas Gerais. "A rede social faz parte da construção diária da visão de mundo das pessoas. Apesar de não entendermos perfeitamente a lógica da ferramenta, construímos essa visão a partir do que é exibido em nosso perfil."

Matéria completa: ÉPOCA

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