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Usar celular demais pode causar dor e problemas ortopédicos

A estudante Beatriz Carvalho, 14, sentia muitas dores nas costas. Suspeitando de escoliose ou algo do tipo, procurou por um ortopedista. A causa de tanto transtorno? O uso intensivo do aparelho celular. Ao digitar no celular, geralmente abaixamos a cabeça e tensionamos os ombros e braços para segurar o aparelho. Um estudo publicado no periódico "Surgical Technology International" avaliou a tensão na coluna cervical -região do pescoço- conforme a inclinação da cabeça. 

Em posição neutra, a cabeça de um adulto pesa entre 4,5 kg e 5,4 kg. À medida que a cabeça se inclina para baixo, o pescoço passa a sustentar cada vez mais peso. Quando a cabeça está inclinada 15º, por exemplo, o pescoço tem que suportar 12 kg. Quando a inclinação é de 30º, o pescoço tem que suportar cerca de 18 kg e quando a inclinação é de 60º, o pescoço suporta 27 kg, seis vezes mais do que o peso real da cabeça.

"Os músculos [da região do pescoço e dos ombros] ficam contraídos e pouco oxigenados. Isso traz dor e sensação de formigamento e queimação", diz a médica Liliana Jorge, do Hospital Israelita Albert Einstein. Além das dores, existe o risco do surgimento de lesões mais sérias. "A gente sabe de casos de pessoas que passaram muito tempo da vida com o pescoço inclinado e desenvolveram artrose", diz Liliana.

"Colocar a cabeça para baixo aumenta a cifose -curvatura- torácica. Esse desvio do eixo da coluna para frente sobrecarrega a lombar, uma região que tende ao desgaste com o passar do tempo", diz Christina May De Brito, coordenadora do Centro Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês.

Há ainda o problema de ficar o dia inteiro digitando. "As pessoas passam horas navegando e sentem dores que são causadas por movimentos de repetição", diz Paulo Renato Fonseca, médico especialista em dor.

Como ficar sem o celular não é opção para muitas pessoas, os médicos recomendam alguns cuidados: elevar o aparelho de modo que o centro da tela fique na altura dos olhos e, assim, não abaixar tanto a cabeça, e apoiar braços e antebraços para que não fiquem sobrecarregados. Além disso, exercícios para fortalecimento dos músculos, como ioga, pilates ou até mesmo a tradicional musculação, podem ajudar.

O médico Luiz Fernando Cocco, coordenador de ortopedia do Hospital Samaritano, também recomenda pausas de 15 minutos cada vez que o usuário passar mais de 40 minutos mexendo no celular.
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Notícia completa em Folha de S. Paulo

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