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Pesquisadores descobrem como cocaína e anfetaminas perturbam o funcionamento normal do cérebro

Em um grande avanço no campo da neuropsiquiatria, pesquisadores do Instituto Vollum na Universidade de Saúde & Ciência em Oregon (OHSU, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, mostraram como cocaína e anfetaminas perturbam o funcionamento normal do transportador de dopamina no cérebro. Esta descoberta abre o caminho para o desenvolvimento de tratamentos que possam amenizar os efeitos da cocaína e de anfetaminas em pacientes que são viciados.

Atualmente, não existem terapias aprovadas para o abuso de anfetamina, e a taxa de recaída para pessoas viciadas em cocaína e anfetaminas é alta. O trabalho dos pesquisadores foi publicado on-line nesta segunda-feira na revista Nature.

O transportador de dopamina serve como uma “bomba” que remove o neurotransmissor da sinapse, ou nas regiões de célula nervosa para a comunicação das células nervosas. Anfetaminas e cocaína bloqueiam a sinalização de dopamina ao interferir no transportador de dopamina.

“Dependência de anfetaminas e cocaína devasta vidas, famílias e comunidades em Oregon e em todo os EUA. Nossa pesquisa aponta como essas drogas viciantes interferem no transportador de dopamina e na sinalização normal no cérebro, trazendo-nos mais perto de desenvolver tratamentos eficazes para as pessoas que são viciadas em cocaína e anfetaminas”, disse Eric Gouaux, cientista sênior no Instituto Vollum em OHSU, e investigador do Instituto Médico Howard Hughes.

Ao mostrar como a cocaína e a anfetamina bloqueiam a sinalização normal de dopamina, a pesquisa fornece insights, que podem, por sua vez, levar a uma compreensão de por que algumas drogas são viciantes e outras não são. Além disso, abre a porta para o desenvolvimento de drogas que podem bloquear a interferência de cocaína e anfetamina na sinalização de dopamina.

“Este trabalho de pesquisa preenche uma grande lacuna no nosso conhecimento que persiste há décadas: como examente essas drogas altamente viciantes afetam o funcionamento normal do cérebro. Esta investigação inovadora arma a indústria farmacêutica com informações específicas sobre alvos para o tratamento, abrindo a porta para novas abordagens terapêuticas para bloquear os efeitos da cocaína e anfetamina”, disse Richard Goodman, diretor do Instituto Vollum em OHSU. “À luz dos custos econômicos e sociais profundos da dependência de drogas nos EUA, esta pesquisa pode ter um efeito transformador.”

Este trabalho é o resultado de mais de 20 anos de trabalho no Instituto Vollum investigando regulação extremamente importante do transportador de dopamina, uma proteína que tem contribuições fundamentais para doenças neuropsiquiátricas como esquizofrenia, depressão, comportamento abusivo de drogas e transtorno de déficit de atenção. O custo econômico de doença mental nos EUA é agora estimado em mais de US$ 300 bilhões por ano, com 20% dos adultos relatando uma doença mental diagnosticável cada ano.

Fonte: O Globo

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